Ontem estive no lançamento do livro “A Palavra como Instrumento de Justiça” do ex-deputado Bernardo de Souza. O salão Julio de Castilhos estava completamente lotado de amigos, familiares, políticos e jornalistas. O Bernardo, com o olhar de quem compreendia tudo que acontecia, mas impossibilitado de manifestar-se devido a uma esclerose múltipla que o mantém numa cadeira de rodas já há algum tempo, escutou, como todos nós, o emocionado depoimento de sua esposa, Hilda de Souza, que falou em seu nome. A Hilda, sua companheira de muitos anos é uma mulher brilhante, que tem posição e faz acontecer. Foi uma deputada estadual marcante e, mesmo não tendo contato direto com ela, eu, à distância, sempre admirei a forma objetiva como colocava suas idéias. Confesso a vocês que nessa minha caminhada de vereadora, candidata ao Senado Federal e Secretária de Estado, já fui a tantas solenidades e homenagens que perdi a conta, sendo que várias foram interessantes de assistir e outras extremamente cansativas. Essa, em especial, foi tocante, além de merecida, pela história do homem público que foi Bernardo de Souza, porém muito difícil de assistir para quem o conheceu nas suas atividades parlamentares, no meu caso, através do meu pai, pois os dois atuaram na mesma época. A lembrança que tenho é de um homem ativo, determinado, ético, dedicado e entusiasmado com a vida, então, vê-lo ali como um expectador limitado dos acontecimentos do universo político e cultural do Estado, machuca demais e me fez sentir pequena diante dos acasos do destino e o que é mais latente, confusa sobre tudo . Eu gostaria de ter abraçado a Hilda e falado algumas coisas, mas não consegui porque fui traída pela emoção que aquela cena produziu em mim e resolvi sair a tempo de me restabelecer.Não sei se terei oportunidade de falar com ela de novo, mas gostaria muito de dizer que, mesmo em caminhos diferentes, muitas vezes com debates e embates acirrados que eu vi entre ele e meu pai, na época, foi justamente aprendendo com a maneira deles de lutar pelas causas em que acreditaram que foi despertado em mim esse gosto pela vida pública, essa vontade de trabalhar pelo povo, com grande influência na minha decisão de seguir a política. Lembro aqui um desses embates que promoveu uma forte discussão entre meu pai e o Bernardo, que foi sobre o nepotismo.Eles tinham opiniões completamente diferentes, pois Bernardo era contra a contratação de parentes e meu pai defendia a posição que o parlamentar era que nem um técnico de futebol, escalava seu time para ganhar, portanto escolhia os melhores, o que deixava claro que não teria funcionários “corpo mole” que não trabalhariam. Lembro bem dessa diferença de posições ser defendida com conteúdo, respeito e amizade entre os dois ícones da política gaúcha e sentia uma satisfação imensa por constatar a grandeza da oratória deles. Ainda uma criança pequena eu era levada aos comícios pelas mãos do meu pai e ficava encantada com o que escutava. Foram muitas as vezes em que fui no plenário da Assembléia Legislativa para assistir discursos de grandes homens públicos do passado e, ali, eu aprendi demais. Era o tempo de uma política feita por ideais, bem diferente desta atual, profissionalizada por segmentos, que se instalou no Rio Grande do Sul. Bernardo de Souza carregou esses ideais e continuará sempre nos ensinando a vida política, agora através da obra que contém os seus discursos.
Veja o que saiu nas mídias sobre o assunto:
- Correio do Povo
- Zero Hora
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