terça-feira, 15 de novembro de 2011

Respeito e cuidado

O meu feriado foi em casa, organizando minhas coisas. Aliás, eu gosto demais de ficar no meu canto comigo mesma.
Acordei cedo como de costume e preparei o café da manhã que foi acompanhado de pão torrado na hora e um mel delicioso. Por sinal, o mel é a única guloseima que repito sempre e, se por acaso vier a faltar, por esquecimento, ou porque não encontrei a marca de que estou acostumada, é certo que o meu café não tem o mesmo sabor.
Hoje eu não escutei rádio, pois preferi desfrutar do silêncio que imperava na casa. Não quis escutar nem ler nada sobre as especulações do acidente do Chicão. Penso na dor da perda dos familiares.
Na minha visão de jornalista, uma tragédia desse porte é noticia com manchete de capa de jornal, mas não pode virar capítulos de novela. Fazer render a desgraça para conquistar leitores é no mínimo desumano. Ninguém tem o direito de invadir os sentimentos das pessoas  e muito menos de cobrar a intensidade de suas manifestações. Cada um exterioriza conforme  sua natureza, o que não quer dizer que sente mais ou menos do que esse ou aquele.
E não adianta vir com aquele discurso de que é uma pessoa pública. Ora e daí?
Político tem familiares com coração e alma, pais idosos com saúde frágil, filhos pequenos em desenvolvimento, adolescentes em fases difíceis.  
É preciso respeitar o luto da partida!
É uma dor sentida!
Acho que as pessoas perderam a real noção de ética pessoal, que começa em não ser demais nunca.
Talvez porque minha regra de ouro é jamais fazer aos outros aquilo que eu não gostaria que me fizessem, e isso vale também para pequenas atitudes, é que  não consigo aceitar essa situação. Ninguém, nem mesmo um polpudo salário, um patrocínio, ou as luzes na mídia, seria capaz de mudar as minhas convicções.
Eu que estava longe da cidade de Santiago, pela qual tenho um carinho muito especial e da qual gostaria de estar perto quando da perda de seu filho querido, prestei a minha homenagem aqui na capital, indo a missa e rezando por ele e sua família.
Voltando ao meu relato desse feriado de 15 de novembro: depois de tomar  meu café e ter me espreguiçado no sofá da sala, abri as janelas na esperança de deixar entrar uns raios de sol, mas havia só nuvens no céu.
O dia foi cinzento e meio friozinho, bom para colocar abrigo e meias com pantufas.
No final da manhã, fui para o jardim conferir o serviço do jardineiro, que esteve aqui ontem o dia todo e ficou sob os cuidados da competente Gilda, pois eu passei na rua trabalhando. Ficou lindo! O cenário está colorido pelas azaléias e perfumado pelo jasmineiro. Eu adoro flores!
Na frente da janela do escritório tem um pinheiro que é meu xodó. Quando compramos a casa e lá se vão vinte anos, eu plantei para poder enfeitá-lo com luzes de natal. Meus filhos curtiam isso!
Posso imaginar os olhinhos da Martina e da Marcela quando se depararem com o pinheiro iluminado. Agora ele está muito alto e cheio de galhos compridos. Os pássaros pousam e tenha sol ou nuvens, eles executam uma sinfonia espetacular. É uma cena que me encanta.
Acho que já devo ter dito para vocês que o escritório é o meu local preferido da casa. É tipo um santuário, com os meus guardados do passado e do presente, assim como livros, textos, computador e telefone para trabalhar. A vista é de uma natureza que faz bem para os olhos e tem o poder de me inspirar.
Hoje com o vento, os galhos das árvores passaram balançando e muitas folhas caíram no chão.
As poucas pessoas que andaram na calçada estavam vestindo roupas esportivas. Foi um dia muito calmo lá fora. Para combinar com o clima, coloquei um DVD do Andréia Bocceli.Sou fã dele!
Há pouco, a Juliana, o Marcelo e Felipe, ligaram dizendo que estão na estrada voltando da viagem. Isso me faz lembrar a minha mãe, que nos feriados e finais de semana, quando o telefone toca, diz que é o seu exército batendo em continência ao alto comando. Sim, é isso mesmo, meus pais criaram os sete filhos sob o rigor absoluto do cuidado com o outro, então, a nossa preocupação era deixá-los tranqüilos, o que se fazia com uma ligação telefônica, e foi daí que meus filhos herdaram o hábito: "Oi, cheguei bem”!


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