A respeito da polêmica que envolveu a Feira do Livro de Bento Gonçalves e os honorários que seriam pagos ao seu patrono, fiz questão de refletir e registrar meu posicionamento através de um artigo.O tema foi bastante discutido e divulgado nas mídias, inclusive no meu comentário no Pampa News e, mesmo uns dias passados da soluçaõ do problema, por onde andei e nos programas de rádio em que participei, as pessoas queriam saber da minha opinião sobre o assunto, que foi um prato cheio para debates.
O conceito do título de patrono de feiras de livros aqui no nosso estado nos remete a escritores consagrados, que merecem homenagens por sua trajetória e conjunto da obra, pelo muito que fizeram pela literatura gaúcha, pois assim se propagou, desde que a nossa pioneira Feira do Livro de Porto Alegre incluiu essa participação em sua 11ª edição e a tornou tradição.
Ali, a presença de patronos sempre transmitiu o sentimento de amor e dedicação total àqueles dias de praça, não nos fazendo pensar no quanto eles estariam ganhando.
Hoje, o perfil desses patronos realmente mudou e as indicações incluem nomes até jovens, tanto em idade, quanto em produção, mas, claro, sempre com méritos a serem reconhecidos.
Pelo interior, as feiras seguem a receita e buscam seus, geralmente escritores nossos.
Talvez por isso, a polêmica da 27ª Feira do livro de Bento Gonçalves tenha sido reforçada pela certa estranheza do público gaúcho quanto ao nome anunciado e principalmente sobre o retorno financeiro que este teria.
O nome é Gabriel, o Pensador, compositor e escritor que tem um trabalho novo como sua idade, mas que já atinge um grande número de público, vendas e repercussão.
A informação do valor total do cachê imediatamente correu as redes sociais com instantâneas manifestações, como a do escritor Fabricio Carpinejar, que cancelou sua ida à Bento e como a da Associação Gaúcha de Escritores, enfocando a inversão de valores no caso discutido.
A questão de patronos vindo de fora pode ser um ótimo meio de divulgação das feiras gaúchas, que crescem em programação e qualidade, mas os nomes talentosos , famosos ou não, que temos aqui, terra de tradição em literatura, se sobrepõem e são suficientes renováveis a cada edição dos eventos literários que acontecem de norte a sul.
Polêmica resolvida e reflexão feita, depois de tanta opinião contrária, Gabriel manteve sua missão primeira, sem a realização do show e sem a venda vultosa de seus livros - os dois fatores que, somados, incomodaram, visto que outros escritores, palestrantes e oficineiros costumam receber cachês quase simbólicos, mas, quem sabe, mais compatíveis com os pequenos e médios municípios.
O trabalho de cada profissional da arte da escrita tem que ser valorizado, pois, artistas que são, também tem que pagar suas contas, mesmo sabendo que o retorno maior vem da sua doação e interesse em abrir sua obra a tanta gente, o que tem valor inestimável.
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