Podemos traçar vários paralelos para visualizar os atuais problemas do nosso país e, assim, analisar como cada um está, até onde cada um vai.
Péssimos rankings de resultados na Educação, colapso nos sistemas rodoviário, falta de segurança de norte a sul, inúmeros gargalos e pontos críticos nas diversas áreas de atuação do setor público. Mas, dentre essas linhas que deveriam apontar sempre para o futuro, a que mais me chama a atenção é a da Saúde brasileira, que agoniza. Quando confronto todas elas com a eminente e, a meu ver, absurda, realização da próxima Copa do Mundo de Futebol em nossas terras é que de fato me estarreço.
Pergunto porque o governo federal, em 2007, deu este passo tão descabido, quando intencionou concorrer a país sede do evento mundial e assim envolver seus estados e municípios numa verdadeira corrida contra o tempo. Sim, é de grande importância, é tradicional, mobiliza a todos pelo esporte, pelo espírito de equipe e de patriotismo, mas se encaixa melhor em países que já acertaram as contas com suas carências econômicas e necessidades sociais e esportivas.
Como cidadã brasileira e portoalegrense, não consigo conceber que um país em desenvolvimento se volte para uma copa de futebol frente à total falta de estrutura na sua saúde pública, que diariamente promove a morte de muitas pessoas por falta de atendimento.
No nosso estado, ultimamente, aumentou o número de sindicâncias abertas por órgãos fiscalizadores em função de deficiências no sistema público de saúde, muitas ligadas a demoras de atendimento e falta de leitos para tratamentos intensivos.
Vemos os hospitais da capital trabalhando acima de suas capacidades, acolhendo pacientes do interior, onde também falta estrutura.
Ampliações, modernização e melhorias são necessárias em várias entidades de saúde gaúchas. De outro lado, assisto, perplexa, o que me motiva a escrever este artigo: a discussão sobre obras e gastos para a copa e o dinheiro público envolvido nisso. Assisto também o socorro financeiro a clubes de futebol para suas benfeitorias e uma correria de egos, dólares, disfarces e sujeira para baixo do tapete. E soma-se a esses disparates, a tentativa do governo federal de liberar bebidas alcoólicas por conta da exigência da FIFA, sem falar nas despesas absurdas da CBF com os altíssimos salários de seus dirigentes .
Melhor seria o aporte desse dinheiro ao sistema de saúde, afinal, dever do estado, direito do cidadão, e teríamos atendimento de maior qualidade à população.
A carga tributária que pesa no nosso bolso, por sí só, justifica o atendimento digno nos hospitais, mas sabemos que ainda estamos aprendendo a administrar o que é público. Gostaria que toda a sociedade se mobilizasse e cobrasse do Governo atitudes neste sentido.
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