quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Mulher prevenida vale por duas



Não tive como não lembrar da minha avó materna Alice Fuchs Ibañez. Uma linda mulher de origem alemã que era sempre elegante, mesmo dentro de casa ou pronta para dormir. Fecho os olhos e me vem a imagem dela vestida de tailler com corte impecável, camisa super bem passada, meias escuras, sapato de salto e acessórios -  brincos e colar de pérolas legítimas. Acho que foi ela que imprimiu em mim o gosto pelos trajes clássicos, que atravessam o tempo e se sobrepõem a modismos, o que facilita na composição do guarda-roupa. Era uma figura admirável e penso que me ensinou muito com sua atitude de mulher organizada e preventiva frente à vida.
E foi passando por um pequeno incidente de percurso numa tarde dessa semana que reforcei minha lembrança. Estava em plena Praça da Matriz depois de sair da Assembleia em direção a sede do meu partido, quando meu sapato trancou numa daquelas pedrinhas da pavimentação e lá se foi o salto.
Depois de ser gentilmente auxiliada por um cavalheiro, que logo se identificou como meu eleitor, fui até o meu carro, que estava em um estacionamento e fiz uso do meu kit de emergência, composto de um par de sapatos, meias, um blazer e uma echarpe, tudo básico, em cores neutras, que podem ser aproveitados em caso de necessidade, sem comprometer o visual. 
Na época da Secretaria da Cultura, em que enfrentava dias com agendas muito diferentes da manhã à noite e com viagens ao interior para eventos, eu fazia do carro closet e camarim, pois tinha que estar bem e adequada a qualquer hora.
Foi uma situação inusitada essa e não fosse eu ter levado tão a sério as lições de mulher prevenida e sempre “em cima do salto” da dona Alice, estaria em apuros, pois teria que voltar para casa e atrapalhar toda uma agenda cuidadosamente planejada de compromissos.


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