Porto Alegre virou Argentina por um dia. Foi tomada pelas cores azul e branco e pelo idioma castelhano, ouvido em cada esquina e nos gritos festivos da torcida, que ecoavam em todos os cantos.
Dá pra considerar que o dia do jogo da Argentina contra a Nigéria, foi o ponto alto da copa por aqui.
Porto Alegre se transformou na quarta feira, 25 de junho, preparada para o que se projetava que seria uma invasão argentina, assunto que tomou conta da cidade.
Essa preocupação se baseava nos números de ingressos comprados, hospedagens reservadas, passagens de avião, de ônibus e entrada de veículos nas fronteiras terrestres.
A onda argentina chegou, acompanhada de uma pequena parcela nigeriana e Porto Alegre passou no teste da recepção a 80 mil visitantes hermanos pela contagem da polícia federal brasileira, ou 120 mil, número estimado da polícia argentina que fiscalizou a saída do país. Extraoficialmente falava-se em 200 mil.
E poderiam ser mais, pois 20% dos veículos que rumavam para Porto Alegre foram barrados na fronteira por não possuírem o seguro obrigatório, e algumas dezenas de “barra-bravas”* com ficha suja, foram detidos em diferentes situações na intenção de chegar ao Brasil.
Para se ter uma ideia desse afluxo de pessoas, foram colocados 18 vôos a mais saindo da capital argentina para a capital gaúcha apenas no dia 25. E antevendo o aumento considerável de público na Fan Fest no dia do jogo, a prefeitura prontamente providenciou a colocação de um telão extra nas proximidades do anfiteatro Por do Sol, palco da festa oficial da Fifa. A chamada Rótula das Cuias, então, virou uma Fan Fest paralela, juntando 10 mil pessoas para ver o jogo, a maioria argentinos que vieram para Porto Alegre sem possuir entradas - com ingressos foram 18 mil. Comparando, tivemos 20 mil holandeses e australianos somados no dia 18, no estádio, circulando e festejando pelas ruas.
Para a recepção aos argentinos acontecer da melhor maneira, houve reforço no policiamento com a ação do Batalhão de Operações Especiais, o BOE. A Brigada Militar agiu de forma ostensiva cobrindo a área do estádio Beira-Rio, antes, durante a após o jogo, e ainda, da Fan Fest, do Acampamento Farroupilha e da Cidade Baixa. O principal foco foi prevenir a ação dos torcedores sem ingresso na área restrita e de cambistas no entorno.
A EPTC, com 600 homens na rua, ajustou ainda mais o tráfego, pensando na mobilidade da área envolvida na Copa, desta vez com muitas vezes o volume de público já experimentado.
A Secretaria Municipal de Acessibilidade e Inclusão Social de Porto Alegre (Smacis) aumentou de cinco para oito o número dos seus carrinhos elétricos para transporte de deficientes, idosos, gestantes, obesos e pessoas com mobilidade reduzida, atendendo 300 pessoas no dia do jogo.
Claro que em se tratando do coletivo, de massa, problemas ocorreram, dentre eles violência e roubos do artigo mais precioso daquele dia, os ingressos. Houve ocorrências de argentinos roubando brasileiros, nigerianos e até mesmo argentinos roubando argentinos!
Mas, nossa Porto Alegre leal e valorosa enfrentou e cumpriu seu maior desafio do evento. Mais uma vez saiu elogiada por muitos que aqui estiveram e alavancou de forma expressiva seus números de turismo e comércio, mostrando todo o empenho e união da prefeitura e da comunidade no acolhimento dos visitantes e na proposta primeira de fazer a Copa de todos os povos, todas as cores e sem preconceito.
* Os barra-bravas são integrantes de um tipo de torcida que incentiva as equipes com cantos, fogos de artifício e uso de faixas, também responsável por atos de violência. Esses grupos começaram a surgir nos anos 70 na Argentina e no Uruguai.
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