Esta postagem especial é sobre um dia encantador que passei em Campo Bom, município que eu já conhecia do meu período de secretária da Cultura do Estado.
À época, prestigiei uma das edições da Festa do Sapato, o maior evento da cidade de tradição na indústria calçadista. Estandes tomam conta da praça principal de Campo Bom, com dias intensos de comercialização de produtos que movimentam o turismo e valorizam o mercado local onde o setor coureiro-calçadista, voluntários, profissionais de todas as áreas, moradores, empresários e líderes comunitário juntam suas forças.
Esse retorno a Campo Bom foi justamente por conta da amizade que fiz naquela época com duas mulheres empreendedoras e muito ativas que mexem com a cultura, com a tradição e com as coisas boas de Campo Bom, sempre visando o bem e o desenvolvimento daquela comunidade, que são Goreti da Silva e Débora Trierweiler.
Recebi uma visita delas no meu gabinete na Câmara e novamente nos vimos falando e trocando ideias sobre projetos culturais como no tempo da secretaria da Cultura.
Elas estavam cheias de ideias e queriam mais uma vez me mostrar isso. Foi muito bom poder retribuir a visita e passar um dia “in loco”, como se diz, conhecendo de perto as iniciativas em que elas estão envolvidas, os parceiros desses projetos, os anseios, expectativas e esperanças de fazer do município onde vivem, um lugar cada vez melhor para se viver.
Começamos o passeio, num dia frio e ensolarado, no mirante do Largo Irmãos Vetter, onde fomos recebidos pela Goreti, pelo vice-prefeito Marcos Alfredo Riegel, por Rosane Schell, em representação ao presidente da Fundação Cultural de Campo Bom, sr. Ernani Reuter, e pela turismóloga Juliana Kroetz.
A torre de quase 40 metros de altura foi construída com os tijolos da sede da primeira fábrica de calçados da cidade, a Irmãos Vetter e Cia., que dá nome ao largo, que possui um grande anfiteatro e cujo projeto manteve vários aspectos e peças da fábrica, preservando a memória da principal origem econômica e a história da cidade. O mirante reproduz a chaminé da antiga fábrica e dali vê-se toda a cidade e os vales que a cercam, uma vista maravilhosa.
Quando descemos, a Débora já nos aguardava para o almoço no Clube XV de Novembro. Fomos caminhando, pois era perto, atravessando algumas ruas, onde já deu para perceber que lá o pedestre é muito respeitado. Aliás, Campo Bom é pioneira no uso consciente e ecológico da bicicleta. O município foi o primeiro na América Latina a ter uma ciclovia, em 1977.
No clube, um grupo de amigos convidados pela Débora e pela Gorette se juntou a nós e fizemos uma grande mesa de conversa.
E agora conto o diferencial desse almoço, que foi algo inusitado. De repente, o ambiente é tomado pelo som de um piano tocado ao vivo.
Da mesa onde eu estava não via o piano, só ouvia. Então, me levantei e conheci um ser iluminado em criatividade e sensibilidade, o jovem Thiago Dornelles.
Uma sala e o piano do clube são usados para um projeto social de um professor de música que dá aulas gratuitas. O Thiago já foi aluno desse pianista e naquele dia foi até lá para ver se o encontrava. O professor não estava, mas Thiago não perdeu a viagem. Sentou no piano que ele tanto conhece e começou a tocar. Foi muito bom tê-lo visto escutado e saber que ele é um talento que foi descoberto através de uma ação sociocultural, que deu a ele acesso a uma ferramenta que despertou seu talento nato, praticamente autodidata.
Após o almoço, fomos conhecer o Centro de Informação e Ludicidade Dr. Liberato, que funciona no prédio histórico que já foi a estação ferroviária.
Fomos recebidos e guiados pela professora Cheila Santos, diretora, conhecendo toda a casa, que é um espaço aberto a todos, com sala de brinquedos educativos, salas de leitura, de informática e que guarda no segundo andar um memorial do trem.
Como não é possível ir a Campo Bom e não falar em sapatos, fomos levados a conhecer uma empresa familiar que concentra em si todo o êxito da história e da tradição calçadista que eles têm e que trabalha com afinco para manter essa caminhada, mesmo com as crises que o setor já passou, com a saída de fábricas gaúchas para outros estados do país e com a competição chinesa.
Saímos encantados com o trabalho e a paixão de muitas pessoas que não esperam o trem passar, pois fazem, pois aprenderam a fazer bem com os que os antecederam, e o melhor, mantendo vivos os conhecimentos, as técnicas, o que veio trazido pelos colonizadores alemães, a herança de seus familiares e de muitos pioneiros que também construíram a bela cidade que vemos hoje.
Dentro disso, fica a dica: provar o tradicional pão de laranja, uma deliciosa receita alemã da família Blos que há décadas passa por gerações e que foi instituído como Patrimônio Histórico Cultural do Município.
Para saber mais sobre o pão de laranja e sobre a história do município, disponibilizo links para o site da prefeitura:
http://novo.campobom.rs.gov.br/noticia-3994/receita-alema-de-pao-de-laranja-vira-simbolo-de-campo-bom
http://novo.campobom.rs.gov.br/
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Nossa primeira parada, obrigatória a quem visita Campo Bom, foi o mirante do Largo dos Irmãos Vetter |
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A vista lá de cima é magnífica |
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Com minha amiga Goreti da Silva,... |
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...Carlos Paranhos, Daniela Souza,... |
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...vice-prefeito progressista, Marcos Alfredo Riegel e Rosane Schell, que me acompanharam na subida |
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Lá de cima vemos a pintura de uma grande rosa dos ventos na área central do Largo Irmãos Vetter |
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Os diferentes lados da cidade que podem ser vistos do mirante |
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Assim que descemos, Débora Trierweiler, grande empreendedora da cidade, se juntou a nós. Aqui, com Laura Fróes e o vice-prefeito |
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A bicicleta, que também é um símbolo da história de pioneirismos do município, ganhou uma homenagem estilizada na praça |
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Nosso almoço foi no Clube 15 de Novembro, antiga sociedade Atiradores, uma construção arquitetônica de estilo eclético dos anos 30 |
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Grupo que almoçou conosco |
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Esse é o Thiago Dornelles, o pianista que conhecemos lá e que deu um show de sensibilidade e conhecimento |
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Uma das belas casas antigas de campo Bom. No estilo castelinho, esta, os proprietários pensam em transformar em um centro cultural |
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Chegando para conhecer o Centro Municipal de Informação e Ludicidade, que funciona na antiga estação de trem |
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Lá, fui muito bem recebida pela Cheila Santos e pela Maria Regina Ghilardi |
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Logo na entrada uma pintura de grande formato mostrando as tradições do município |
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...a diretora me contando como funciona o espaço da ludoteca... |
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...que tem brinquedos educativos, fantasias, camarim, teatro de fantoches, cama elástica e o mini supermercado que me encantou |
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Espaço de leitura, onde disponibilizam livros, revistas e jornais do dia para quem quiser |
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Sala de acesso e aprendizado do uso da internet |
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No segundo andar, as salas guardam objetos ligados á ferrovia e à estação formando o acervo do museu do trem |
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Na parede a pintura de como era a estação e peças retiradas da ferrovia |
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Fizemos uma reunião na sala onde são produzidas e planejadas as edições da Festa do Sapato |
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Conheci projetos da cidade voltados à preservação da cultura alemã... |
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...e sobre a história do sapato - que tem como figura de referência o senhor João Alberto Kehl (1907-2003), considerado um verdadeiro artista do sapato |
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A próxima parada foi a fábrica de calçados Zanni Barcelos, da família Menezes. Aqui estou entre a Elizane e seu filho Mateus, braço direito dos pais na empresa
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Conversando e trocando experiências com João,o pai, Mateus e Elizane e entendendo as etapas do processo da confecção dos sapatos
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Vistas da fábrica |
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Vitrine do showroom Zanni Barcelos. Campo Bom foi o primeiro município do Brasil a exportar calçado, em 1968 e onde aconteceu a 1ª Feira Nacional de Calçados, que originou a FENAC |
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Finalizando a maravilhosa visita, com Goreti, Elizane (a Zanni), e Mateus |
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Para terminar, uma imagem do maravilhosos pão de laranja, este feito pela Débora, que segue a risca a antiga receita da família, mantendo a tradição |