segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Candidata Ana Amélia em entrevista especial


Compartilhando a Entrevista Especial de hoje do Jornal do Comércio com a candidata à governadora do Estado do Rio Grande do Sul, Ana Amélia Lemos, do Partido Progressista.
Recomendo a leitura!











   
ENTREVISTA ESPECIAL Notícia da edição impressa de 01/09/2014


Estado se tornou hostil aos empresários, afirma Ana Amélia

ANTONIO PAZ/JC
''A lógica é melhorar o ambiente ao empreendedor para aumentar a receita'', diz Ana Amélia
''A lógica é melhorar o ambiente ao empreendedor para aumentar a receita'', diz Ana Amélia
Candidata do PP ao governo do Estado, a senadora Ana Amélia Lemos defende que o Estado seja mais eficiente em sua gestão, dialogue com os setores e atraia investimentos - diminuindo a burocracia em esferas como a emissão de licenças ambientais, por exemplo. Em entrevista ao Jornal do Comércio, a parlamentar afirma que há déficit orçamentário porque “o Estado está ficando difícil para quem trabalha”.
A candidata do PP diz que pretende reduzir secretarias, cargos em comissão (CCs), funções gratificadas (FGs) e assessorias superiores (ASs) “para dar o exemplo aos demais poderes”, mas que ainda está fazendo um levantamento, para verificar o que será alterado.
Sobre as críticas de que é inexperiente na política, Ana Amélia cita a trajetória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que chegou à presidência sem ter tido qualquer experiência como gestor no Executivo. “(O exercício do poder) é feito por um líder político que lidera um projeto, que é executado por pessoas escolhidas pela qualidade e competência”, assegura.
A senadora também se defende das críticas de que será responsável por arrochos salariais ou privatizações, afirmando que a oposição tem utilizado argumentos “do submundo da política, de uma política rasteira, irresponsável” porque “o governador e seu partido não podem dizer que sou corrupta, mensaleira, desonesta”. E assegura que é uma líder capaz de “inspirar confiança nos liderados” e mudar os rumos do Estado.
Jornal do Comércio - Como encara as críticas dos seus adversários de que lhe falta experiência para governar o Estado?
Ana Amélia Lemos - Teve um presidente da República que chegou ao Executivo tendo sido apenas presidente do sindicato dos metalúrgicos e deputado: Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nunca ninguém duvidou da capacidade de que um metalúrgico chegasse à presidência da República. O exercício de um Poder Executivo não é feito por um secretário ou por um gestor, é feito por um líder político que defende um projeto que é executado por pessoas escolhidas pela qualidade e competência. Existem pessoas experientes que não são bons administradores, não são bons governantes e se fossem estariam em primeiro lugar nas pesquisas. Não é adequado imaginar que um senador não tenha que administrar um gabinete, com regras de exigência e eficiência, como se administra uma casa, um município ou um Estado. As regras são as mesmas: o dinheiro é público e você tem que compatibilizar as necessidades e carências. A grande virtude é escolher as pessoas certas e bem preparadas para suas funções.
JC - Sobre a escolha de pessoas para os cargos públicos. A senhora já prometeu redução de secretarias e CCs. Já há um levantamento sobre quais áreas terão redução?
Ana Amélia - Essa é uma meta e o detalhamento da meta e do propósito será feito na hora oportuna. Não podemos antecipar agora com o conhecimento que temos, porque as informações do Estado não são atualizadas em relação ao número de servidores nas diversas secretarias, as funções de cada servidor, a distribuição deles pelas atividades meio e fim. Esse é um levantamento que precisamos fazer, mas o detalhamento disso e o número de secretarias que serão, como serão, se serão reagrupadas, compartilhadas nas suas responsabilidades, será posterior. Agora, estamos fazendo um projeto de governo que sinaliza para essa economia. Hoje, são mais de seis mil funções no poder Executivo, entre CCs, FGs e ASs. Tem gente que diz que “ah, são três mil”, mas esse número é de pessoas desinformadas ou que querem usar de má fé. Não é o problema do CC, os salários até não são astronômicos, mas o critério de escolha que precisa ser de qualificação e não de partido. E não é só o salário, é todo o entorno em diárias, telefone, despesas do funcionamento, tudo que é relacionado à atividade de CC. E também (a redução) é uma medida necessária para dar o exemplo aos demais poderes. A situação está complicada, dito isto pelo secretário estadual da Fazenda (Odir Tonollier), não sou eu quem está falando, quem falou da gravidade da situação financeira foi o secretário da Fazenda.
JC - Se eleita, vai nomear secretários técnicos?
Ana Amélia - Um secretariado qualificado. Se for político qualificado ótimo, se for técnico ótimo, ele tem que ser qualificado, capacitado e o melhor na área. Fizemos uma reunião com os partidos políticos que integram a nossa coligação, formada pelo PP, PSDB, SDD e pelo PRB, e eles foram solidários com o critério. Não podemos repetir a cultura vigente, repetir o governo, essa área fica com partido x, partido y, partido z. Não é esse o critério. Vamos, em cada área buscar as pessoas mais qualificadas, dentro ou fora dos partidos. Esse é o critério e os partidos entenderam, disse a eles que esse projeto de governo não é um projeto de poder, não é um projeto pessoal. Se tivesse tido direito de escolha teria ficado no Senado. Fui convocada para exercer essa missão e vou honrá-la com toda minha dedicação, empenho e esforço. Preciso, para isso, da solidariedade da coligação e, sobretudo, do apoio dos gaúchos que querem uma nova forma de governar. Não é apenas mudar o governo, é mudar a forma de governar o Estado.
JC - A senhora falou da qualificação das secretarias. A pasta do Meio Ambiente, por exemplo, teve 14 secretários em 12 anos. Vai priorizar esta área e outras secretarias com menos recursos?
Ana Amélia - O que é mais importante, a Secretaria do Meio Ambiente ou a Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental)?  Onde está o poder maior? Nós temos poder paralelo. A Fepam necessariamente segue a secretaria. Temos que resolver esse gargalo, têm duas áreas fazendo a mesma coisa. São coisas diferentes, uma é política e outra é executiva, nós temos que cuidar dessa engenharia de gestão.
JC - Vai extinguir um dos órgãos então?
Ana Amélia - O detalhamento do que vai ser feito, organograma das secretarias é o segundo passo. O primeiro passo é dizer o que queremos um Estado melhor, mais eficiente. Não é essa conversa mole de dizer que a senadora quer Estado mínimo, Estado máximo, Estado não sei o que, isso não existe. Estado bom é Estado eficiente, não importa o tamanho, pode ser grande, pequeno, médio, importante é a eficiência do Estado na prestação de serviços para a sociedade. Para o cidadão pessoa física, para o cidadão pessoa jurídica, essa é a grande questão. A casa está desorganizada financeiramente, o cidadão gaúcho tem que entender que isso impacta na vida dele, no dinheiro que vai para a saúde, educação, recuperação das estradas e segurança. Não há recursos em função da desorganização das finanças do Estado. Irrigação, por exemplo, é um setor crucial para o Rio Grande do Sul, porque pode aumentar produtividade sem aumentar área e isso é muito importante do ponto de vista ambiental, não derrubar a mata, a área irrigada tem uma produtividade maior. Só na área da irrigação, tem que passar por quatro secretarias e ninguém calcula que isso tem um custo e por isso que as empresas estão indo embora daqui. O Estado está ficando difícil para quem trabalha. A lógica é melhorar o ambiente para o empreendedor porque essa é a única forma de aumentar a receita. Não adianta você ir lá fora, para a Ásia, o Japão, convidar empresas para virem para cá e chegando aqui elas verem que vão demorar três anos para instalar uma fábrica.
JC - No que o seu governo será diferente das últimas gestões?
Ana Amélia - Será um governo que vai dialogar com a sociedade, vamos respeitar as instituições, as entidades que representam, com os indivíduos coletivamente. Nosso governo será verdadeiramente colaborativo. No meu gabinete, no Senado foi assim, todas as minhas iniciativas advém de colaboração da população, ou de entidades, setores, organizações não governamentais. Vamos fazer a diferença governando com transparência. Onde está indo o dinheiro do cidadão, transparência com responsabilidade e com compromisso, execução do que é comprometimento. Essa falta de diálogo com setores tem desmotivado muitos empreendedores a ficarem aqui. Adoram o Rio Grande, são gaúchos, mas por conta dessa falta de diálogo, de compreensão das demandas do setor, as empresas estão indo embora. O nosso Estado está perdendo empresas, todos os dias tem empresas saindo, e saindo não atraídas por incentivos fiscais, mas porque o ambiente é muito hostil para os empreendedores.
JC - A Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) também é uma empresa que se sobrepõe a outro órgão?
Ana Amélia - O governo criou uma empresa estatal, para cobrar pedágio. A EGR, não tem guincho, ambulância e não tem recuperação de estrada. Sacaram da EGR R$ 41 milhões de um empréstimo do Bndes para botar no caixa único: desvio de função. A EGR, como ela é uma S/A, não tem imunidade tributária. O Estado com tantas carências mandou para Brasília, pela EGR, sob a forma de impostos, R$ 23 milhões, que foi do lucro que ela obteve. Se somar o que sacou para o caixa único mais os R$ 23 milhões, são R$ 64 milhões. Isso daria para fazer muita coisa, pelo menos tapar os buracos, ter ambulância e ter guincho no pedágio. O governador Tarso (Genro, do PT) cobra pedágio, não devolve para o cidadão o serviço que ele cobra, mas está impondo aos municípios um sacrifício, porque a EGR não está pagando impostos aos municípios.
JC - Pretende extinguir a EGR?
Ana Amélia - Temos muitas alternativas para isso, uma delas é transferir essa tarefa para o Daer, outra é tirar a natureza dela, mudar a natureza, ela não ser S/A. Mas vamos examinar o melhor caminho para que aquilo que o cidadão paga hoje, ele receba de fato, em serviços. A mudança vai ser conceitual, de tratamento, de relacionamento.
JC - Para mudar essa perspectiva é preciso um contingenciamento de gastos? Uma redução da burocracia?
Ana Amélia - Vou assumir o governo com um orçamento feito por este governo. Ele (o governador) encaminha o orçamento em setembro para a Assembleia Legislativa, a Assembleia examina, aprova ou não, mas é esse orçamento que vai ser executado em 2015. Então, chego de mãos amarradas. O primeiro ano é executar o antecessor, o que não acho correto, mas é da lei, o Estado tem que andar, mas ele (o governo) está fazendo tudo isso com empréstimos.
JC - A oposição tem afirmado que a mudança na gestão e no orçamento virá com arrocho salarial e privatizações. Como responde a estas críticas?
Ana Amélia - Como o governador e o seu partido não podem dizer que sou corrupta, que sou mensaleira, que sou desonesta, que não tenho credibilidade, que não trabalho, que não honro a palavra, como não podem isso, espalham, como é da natureza do partido, boatos de todas as ordens. Só que estão quebrando a cara, pois os eleitores no Rio Grande do Sul são informados e inteligentes. Estão dando um tiro no pé. Todas as tentativas que fizeram anteriormente não deram certo, de desconstruir minha imagem, de uma pessoa que sempre trabalhou com honestidade, com ética e responsabilidade. E um líder tem que ter essas características e mais a capacidade de inspirar confiança nos liderados, e isso eu tenho. As pessoas avaliam isso, credibilidade, e tenho que zelar por isso, maior patrimônio que construí.
JC - As pesquisas de intenção de voto demonstram uma força maior no Interior. Como vem trabalhado para conquistar o eleitorado na Capital?
Ana Amélia - Na Capital e Região Metropolitana, estamos iguais. Fiz 400 mil votos em Porto Alegre quando me candidatei ao Senado. Hoje, os que votaram em mim têm uma avaliação do meu trabalho, do que fiz no Senado Federal e essa avaliação está sendo levada em conta. Quando ando na rua as pessoas dizem que vão votar em mim porque honrei o que tinha assumido na campanha, porque meu trabalho foi importante. As pessoas espalham o boato de maneira covarde, vil, porque não dizem, não expõem, não declaram, espalham, assim, aquela coisa marginal, o submundo da política, de uma política rasteira, irresponsável. E diria um bullying político junto ao eleitorado, de um terrorismo, mas isso não cola, não cola, porque as pessoas sabem.
JC - Com relação à questão nacional, se Marina Silva (PSB) for para o segundo turno e Aécio Neves (PSBD) não, apoiaria a candidatura dela?
Ana Amélia - Por que não? Porque não se temos um vice-candidato gaúcho grande qualidade, o Beto Albuquerque (PSB)?

Perfil

Ana Amélia Lemos nasceu em 1945, em Lagoa Vermelha. Mudou-se para Porto Alegre nos anos 1960, quando ingressou na Faculdade de Comunicação Social da Pucrs. Formou-se em 1970, no mesmo ano em que começou a atuar no jornalismo. Foi repórter de economia, produtora e apresentadora de TV em diversos veículos, no Rio Grande do Sul e em Brasília. Em 2009, ingressou na política partidária, filiando-se ao PP para disputar uma vaga para o Senado. Em 2010, foi eleita senadora, com 3.401.241 votos, o equivalente a 29,5% do eleitorado. No primeiro mandato como parlamentar, ingressou em seis comissões permanentes do Senado, além de participar de comissões mistas e se tornar proponente e relatora da Subcomissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, Crack e Outras Drogas. Este ano, concorre ao governo do Estado pela coligação Esperança que Une o Rio Grande (PP, SDD, PSDB e PRB).







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