Dia desses, ao chegar para trabalhar, deparei-me com um cachorro grande, preto, deitado na porta de entrada do prédio onde fica minha secretaria. O olhar cansado dele e a perna machucada diziam mais do que qualquer palavra.
Minha primeira reação foi procurar por um dono. Perguntei às pessoas que estavam por ali, olhei ao redor, fui até a calçada, na esperança de encontrar alguém que o estivesse procurando. Nada. Ele estava sozinho.
Diante disso, fiz o que meu coração mandou: peguei uma vasilha de água e um pote de ração e coloquei perto dele. Subi para trabalhar, mas com a preocupação martelando na cabeça.
Talvez alguém viesse buscá-lo ao longo do dia. Talvez ele estivesse apenas perdido. Mas o tempo passou e ninguém apareceu.
Quando terminei o expediente e fui para casa, tomei uma decisão: no dia seguinte, eu encontraria um lugar seguro para ele. Um lugar onde pudesse ser cuidado, onde sua dor fosse tratada e onde, quem sabe, pudesse ter uma nova chance de encontrar um lar.
E foi exatamente isso que fiz.
Acredito que os animais sentem, sofrem e também percebem quando alguém se importa. Não sei a história desse cachorro, não sei o que ele já passou, mas, naquele momento, o destino cruzou nossos caminhos.
E se eu estava ali, naquele dia, naquela hora, talvez fosse para ajudá-lo. Porque, no fim das contas, quem escolhe a gente, são eles.
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